Uma multidão em festa acolheu na tarde deste domingo o Papa Francisco
no Estádio Olímpico de Roma, para celebrar os 37 anos da Renovação
Carismática italiana.
O Presidente do Movimento, Salvatore Martinez, deu as boas-vindas ao
Pontífice, afirmando que o Olímpico hoje não é palco de um jogo de
futebol, com os times da Roma, da Lácio ou do São Lourenço (da
Argentina). Mas há sempre uma equipe, a dos discípulos de Jesus, cujo
técnico é o Espírito Santo e o capitão é o Papa Francisco. “A estratégia
de jogo é maravilhosa. Colocando em campo a fé, a vitória de Jesus está
garantida”, disse ele.
Tomaram a palavra representantes dos sacerdotes, dos jovens, da
família e dos enfermos, que deixaram seu testemunho, intercalados por
palavras do Santo Padre, que porém fez notar aos organizadores que
faltava um representante dos avós.
“Aos sacerdotes, me vem uma única palavra: proximidade. Proximidade a
Jesus Cristo, na oração. Próximos ao Senhor. E proximidade às pessoas,
ao povo de Deus que lhes é confiado. Amem sua gente”, disse Francisco.
Aos jovens, suas palavras foram: “Seria triste um jovem que protege
sua juventude num cofre. Assim, esta juventude se torna velha, no pior
sentido da palavra. Torna-se pano velho. Não serve para nada. A
juventude serve para arriscar: arriscar bem, com esperança. Apostá-la em
coisas grandes. Deve ser doada para que outros conheçam o Senhor. Não a
poupem para vocês, avante!
Para as famílias presentes, o Pontífice recordou que são a Igreja
doméstica, onde Jesus cresce, cresce no amor dos cônjuges, na vida dos
filhos. Por isso o inimigo a ataca tanto: o demônio não a quer! E tenta
destrui-la. “O Senhor abençoe a família e a fortifique nesta crise na
qual o diabo quer destrui-la.”
Em seu pronunciamento, Francisco definiu a renovação carismática “uma
corrente de graça na Igreja e para a Igreja”. Como em uma orquestra,
nenhum movimento pode pensar em ser mais importante ou maior que o
outro. “Quando isso acontece, a peste tem início. Ninguém pode dizer: eu
sou o chefe. Como toda a Igreja, há um só chefe, um único Senhor:
Jesus.”
Como na entrevista que concedeu voltando do Brasil, Francisco repetiu
que não amava muitos os “carismáticos”, mas depois se tornou o
assistente espiritual da Renovação Carismática, nomeado pela Conferência
Episcopal Argentina. “Trata-se de uma força”, afirmou o Papa, pedindo
que renovem o amor pela palavra, carregando no bolso o Evangelho.
E advertiu: “Cuidado para não perder a liberdade que o Espírito Santo
nos doou. O perigo para a Renovação é a da excessiva organização. Sim,
ela é necessária. Mas não percam a graça de deixar Deus ser Deus. Não há
graça maior que deixar-se guiar pelo Espírito Santo”.
O Pontífice identificou ainda outro perigo, que é se tornar
controlador da graça de Deus. “Muitas vezes, os responsáveis (gosto mais
da denominação ‘servidores’) por alguma comunidade se tornam, sem
querer, administradores da graça, decidindo quem pode recebê-la. Vocês
são dispensadores, não controladores. Não sejam a alfândega ao Espírito
Santo”. E indicou três obras como guias seguros para não errar o
caminho, sendo uma delas “Renovação Carismática e serviço ao homem”,
escrita pelo Card. Suenens e por Dom Hélder Câmara. “Este é o percurso,
sintetizou: evangelização, ecumenismo espiritual, cuidado pelos pobres e
necessitados e acolhida dos maginalizados. E tudo isto baseado na
adoração!”
Por fim, Francisco disse o que espera da Renovação. Em primeiro
lugar, a conversão ao amor de Jesus. “Espero de vocês uma evangelização
com a Palavra de Deus que anuncia que Jesus está vivo e ama todos os
homens.” Em segundo lugar, dar testemunho de ecumenismo espiritual, de
permanecer unidos no amor que Jesus pede a todos os homens. A seguir, a
aproximação aos pobres e aos necessitados, para tocar em sua carne a
carne ferida de Jesus. “Aproximem-se, por favor.”
O Pontífice concluiu com um apelo: “Busquem a unidade da Renovação,
porque a unidade vem do Espírito Santo. A divisão vem do demônio. Fujam
das lutas internas, por favor"
Fonte:
Rádio Vaticano