Agosto: Mês das vocações
“Ter vocação” ou “ser chamado”?
A vocação não se “tem” como algo próprio, conquistado ou devido por direito nem a vocação à existência, nem à redenção, nem a desempenhar qualquer tarefa que seja, na Igreja. Não existe essa vocação que se teria como coisa disponível. Há um chamamento a vocação é exterior à pessoa, apanha-a desprevenida, desinstala-a e muda-lhe o curso da existência. Assim aconteceu com Abraão, Moisés, os profetas, os apóstolos, Paulo... Assim acontece deveria acontecer com cada cristão. Em tempos de cristandade, porém, as coisas mudaram e, embora sem negar a iniciativa de Deus, o “chamamento” acabou convertendo-se em algo próprio de poucos, que “tinham” vocação. Desaparecido o ambiente de cristandade, com grande parte dos nossos contemporâneos oscilando entre a indiferença religiosa, o agnosticismo e o ateísmo, importa recuperar a percepção original da vocação como chamamento a seguir Cristo e a tornar-se membro da comunidade nova dos seus discípulos. O resto carismas, ministérios, entre eles, o de presbítero virá por acréscimo. Não quer isto dizer que as vocações de serviço, na Igreja, não sejam importantes e que, concretamente, a Igreja possa seguir adiante sem o sacerdócio ministerial. Quer dizer, apenas, que é necessário olhar para a vocação a estes ministérios integrada na vocação primeira: o chamamento a ser discípulo de Cristo e membro da Igreja.
Texto: www.ecclesia.pt